Quando eu era adolescente uma das profissões que mais me chamavam a atenção era a medicina. Era muito bom pensar na possibilidade de ser médico, principalmente ao ver o quanto eu poderia ajudar outras pessoas. Mas esse encanto foi passando quando percebi minha dificuldade de lidar com sangue, com pessoas doentes e até com a morte. Lembro-me da alegria quando tive a oportunidade de doar sangue pela primeira vez (e foi a última) e posteriormente a frustração quando passei muito mal, lembro-me da coragem ao fazer uma microcirurgia, e a frustração quando indo para casa, me socorreram no pátio do hospital após o desmaio.
Bem, para fazer algo, para exercer uma profissão, não adianta somente uma vontade romântica, há diversas outras características que é preciso ter. Não é diferente quando falamos não da profissão, mas da maior missão de todas.
A empolgação, habilidade pessoal, senso de justiça, desejo de aventura, ou o próprio chamado específico, nem sempre é o suficiente quando falamos de fazer a obra missionária. Quando analisamos os homens e mulheres usados por Deus no seu tempo, percebemos que havia características especificas que Deus exigia, que muitas vezes iam além do que a percepção humana compreendia. O próprio Samuel ao visitar Jessé se deixou levar pela aparência de Eliabe quando Deus lhe fala: “Não considere a sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração"(1 Samuel 16.7).
Estar no centro da vontade de Deus é o que determina nosso êxito na missão, pois estar no lugar errado e fazendo algo errado, mesmo que bem-intencionado, é o caminho do fracasso. Poderíamos afirmar que o caráter precede a missão, por isso muitos reis com sangue real, habilidades impressionantes, intelecto, simplesmente foram reprovados por Deus. O zelo pela obra, tanto buscando fazer o melhor, como buscando o preparo, tanto intelectual, mas principalmente bíblico é outro ponto chave para alcançarmos o alvo correto. Os homens da bíblia buscavam agradar a Deus com o melhor, para Deus tudo era feito com excelência.
É nesse ponto que a teologia e missões se fundem. É estranho pensar que alguém não tenha o desejo de conhecer mais profundamente o Deus que ele está se propondo a anunciar. Não são nossas ideias, pensamentos, ideologias ou achismos que somos comissionados a anunciar, é por isso que compreender a vontade de Deus, buscar o caminho da santidade e mergulhar nas escrituras, sabendo como utilizá-las de forma dinâmica e precisa, trará resultados que agradam ao Mestre Jesus. Buscar atalhos pode ser viver o perigo de apresentar ao Senhor apenas o talento enterrado, o talento da comodidade, da preguiça, e que desnuda a ira do dono dos talentos. O pecado não está somente naquilo que fazemos de errado, mas também naquilo que deixamos de fazer, é por isso que a ordem é negociar o talento, ou seja, empreender energia, buscar e aplicar o conhecimento, investir tempo, e isso nos permitirá ouvir as palavras: “Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito” (Mateus 25.23), e não: “servo mau e negligente” (Mateus 25.26).
Para Deus o melhor, para Deus o mais importante. Diante do chamado de Deus para a sua vida, ofereça a ele o melhor, busque intimidade com ele, desejando a sua vontade, sua identidade e conhecê-lo mais e mais.
Cleo Harison Bloch – Diretor do STBISUL.
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